Quem conviveu com o mestre Guerreiro sabe como aquela figura era doce e tinha um coração enorme.
Tive o privilégio de ter desfrutado da sua amizade por longos anos, e a cada reencontro relembrávamos passagens inesquecíveis e dávamos boas risadas.
Certa feita, quando prestava serviços de consultoria para uma multinacional de segmento de equipamentos, realizamos em Brasília um evento comemorativo de final de ano.
Combinei com os meus parceiros, que deveríamos fazer uma homenagem ao amigo Guerreiro, naquela data, ele já havia deixado a presidência da Anatel e tocava a sua empresa de consultoria.
Mandei confeccionar uma placa de prata e fiz o convite, sem deixar com que ele soubesse que seria homenageado.
No dia do evento, lá estava o amigo Guerreiro, todo sorridente e tomamos uma deliciosa caipiroska e saboreamos gostosos canapés.
O evento começou, e em determinado momento paralisarmos a música, justamente para realizarmos a tão merecida homenagem ao profissional que contribuiu positivamente para termos hoje, um sistema de telecomunicações bastante promissor.
Como eu sabia que o ponto fraco do velho Guerreiro era uma das mais belas músicas do cancioneiro popular brasileiro, composição esta de autoria de Silvio Silva Junior e Aldir Blanc, então pedi à banda para executar tal composição, cujo resultado foi mexer com o coração e a emoção daquele ser sensível.
A música era AMIGO E PARA ESSAS COISAS, que descreve o encontro entre dois companheiros que se encontraram num bar, um lamentando a falta de sorte, mas ouvindo do amigo, palavras de incentivo, todo o diálogo traduz o enorme significado de uma sólida amizade.
Caro Guerreiro, você deixou uma enorme lacuna no nosso meio, mas como acalanto, quando a saudade bater, com certeza eu ouvirei a música que você gostava.
Em homenagem ao mestre Guerreiro, deixo registrada a letra desta maravilhosa canção:
– Salve!
– Como é que vai?
– Amigo, há quanto tempo!
– Um ano ou mais…
– Posso sentar um pouco?
– Faça o favor
– A vida é um dilema
– Nem sempre vale a pena…
– Pô…
– O que é que há?
– Rosa acabou comigo
– Meu Deus, por quê?
– Nem Deus sabe o motivo
– Deus é bom
– Mas não foi bom pra mim
– Todo amor um dia chega ao fim
– Triste
– É sempre assim
– Eu desejava um trago
– Garçom, mais dois
– Não sei quando eu lhe pago
– Se vê depois
– Estou desempregado
– Você está mais velho
– É
– Vida ruim
– Você está bem disposto
– Também sofri
– Mas não se vê no rosto
– Pode ser…
– Você foi mais feliz
– Dei mais sorte com a Beatriz
– Pois é
– Pra frente é que se anda
– Você se lembra dela?
– Não
– Lhe apresentei
– Minha memória é fogo!
– E o l´argent?
– Defendo algum no jogo
– E amanhã?
– Que bom se eu morresse!
– Prá quê, rapaz?
– Talvez Rosa sofresse
– Vá atrás!
– Na morte a gente esquece
– Mas no amor agente fica em paz
– Adeus
– Toma mais um
– Já amolei bastante
– De jeito algum!
– Muito obrigado, amigo
– Não tem de quê
– Por você ter me ouvido
– Amigo é prá essas coisas
– Tá…
– Tome um cabral
– Sua amizade basta
– Pode faltar
– O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará