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Fatos passados, histórias recentes..

FATOS PASSADOS, HISTÓRIAS RECENTES.

Por Marcius Butti Vitale

Acerca de 40 anos atrás, o Brasil iniciava a sua escalada para o moderno mundo das telecomunicações.

Com a criação da Telebrás e a implantação de uma operadora para cada estado, demos um impetuoso salto rumo a futuro.

Muitos hoje criticam o nosso antigo sistema de comunicações, mas graças a ele é que estamos no atual estágio.

Grande parte do corpo técnico que atua hoje no mercado é remanescente daquela época. Antigos colaboradores estão comandando, muitas das novas empresas criadas aqui nesta década.

Mesmo a nossa agência reguladora, a Anatel, tem nos seus quadros de profissionais velhos “Guerreiros” que muito contribuíram e continuam colaborando neste novo cenário. Todo alicerce foi construído as duras penas. Só quem trabalhou naquela época, sabe o que foi feito.

Posso recordar quando em 1971, por falta de equipamentos de teste em trabalhos na antiga Companhia Telefônica de Minas Gerais, nós utilizávamos  lâmpadas de néon que posicionadas nas proximidades de equipamentos, quando acesas, sinalizavam que tínhamos emissão de rádio freqüência.

Quantas vezes, eu ficava preocupado quando via os nossos parceiros pendurados no topo das torres, colocando a  língua em contato direto com a antena para verificação de sinais de saída do transmissor. E caso notassem um aumento da temperatura (na língua), significava  que tínhamos “potência de saída de rádio freqüência”.

Os antigos circuitos físicos com Sistemas de Ondas Portadoras – “carriers” instalados, careciam de manutenção constante. Qualquer chuva mais forte era um transtorno, linhas eram arrebentadas e as comunicações interrompidas.  Até mesmo o conhecido pássaro “João de Barro” freqüentemente construía suas moradias nas cruzetas dos postes, prejudicando e muitas vezes interrompendo os serviços.

As centrais “Passo a Passo”  funcionavam como um relógio, e para sua manutenção, muitos técnicos perdiam noites entrando e rastreando sinais naqueles intricados sistemas.

Com a evolução do segmento de comutação tivemos outros excelentes equipamentos, chegamos até a desenvolver a tecnologia denominada “Trópico” que até hoje é uma referência mundial.

Nossas redes locais deram um enorme passo: dos antigos cabos telefônicos isolados com papel, partimos para o “Foam Skim” e cabos ópticos.

Muitos produtos foram desenvolvidos pelo CPqD que, até hoje, é sem dúvida nenhuma o mais competente Centro de Pesquisa da América Latina.

Referente ao Cpqd eu observo com muita satisfação, que companheiros  do antigo Sistema Telebrás ainda estão no comando do Centro, ditando os rumos da organização que esta sempre obtendo sucesso nas suas empreitadas.

Quantos abnegados empresários colaboraram com a construção do Sistema Telebrás, tínhamos na época mais de 400 empresas prestadoras de serviços de construção de redes.

Após a privatização com essa grande pulverização de empresas, a tendência natural dos novos que aqui aportaram, é se esquecerem do passado dando ênfase somente ao presente.

Os frutos que estão sendo colhidos no momento são oriundos de árvores frondosas que foram plantadas, regadas e cultivadas com enormes doses de sacrifício e amor.

A modernidade, hoje evidenciada, foi motivada por anos de árduo trabalho de muitos colaboradores e muitos desses profissionais se foram, mas outros continuam a batalhar neste novo cenário.

Não podemos deixar de homenagear, os artífices, cabistas, telefonistas, técnicos, pessoal administrativo que também tiveram sua participação neste processo, trabalhando no anonimato.

Finalizando,  gostaria de deixar registrada uma homenagem ao homem que como um grande maestro regeu  magistralmente esta orquestra tecnológica: o General Alencastro. Sua figura sempre representa um marco de competência, honestidade e altivez, sendo um ícone que sempre incentiva esta enorme massa de pessoas que contribuíram e contribuem para o sucesso deste segmento.

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